Impor limites, uma forma de amar

09-09-2010 22:21

Impor limites, uma forma de amar

Uma das maiores dificuldades na educação de uma criança consiste na tarefa de saber dosar amor e permissividade com limite e autoridade. Todos têm consciência da importância de impor limites, mas o fato de saber disso não é suficiente para fazer desta uma tarefa fácil. Os pais freqüentemente se deparam com muitas dúvidas: Estou agindo certo? Onde eu errei? Por que ele não me obedece?

Até o fim do primeiro ano de vida, a criança obedece ao princípio primordial da vida humana: o princípio do prazer. Por isso procura apenas fazer o que lhe causa satisfação imediata e tenta fugir do que é vivido como algo desprazeroso, agindo por impulso instintivo. Até dois ou três anos, a noção do proibido não lhe faz ainda muito sentido. Será preciso repetir-lhe muitas vezes o que ela pode ou não pode fazer, explicando-lhe em poucas palavras a razão dessa proibição. Somente depois dos três ou quatro anos a criança passa a compreender, cada vez melhor, as ordens dadas, começando a entender as noções de bem e de mal. E, em princípio, ela procurará obedecer aos pais somente para satisfazê-los.

Nos dias de hoje, está mais difícil educar as crianças, devido à ausência dos pais na vida dos filhos, em virtude da carga horária dedicada ao trabalho e à grande cobrança do papel da mulher na sociedade, fazendo com que as famílias deleguem a tarefa de educar às escolas, sendo que as crianças estão indo cada vez mais cedo para a escola. Esta necessidade familiar gerou um sentimento de culpa nos pais, que, para compensar tais circunstâncias, acabam sendo permissivos demais com os seus filhos para não passar o pouco tempo que têm juntos brigando com as crianças.Não se pode confundir a imposição de limites com repressão. É fundamental que os adultos tenham clareza de suas convicções e sejam fiéis a elas, pois, para os pequenos, eles são modelos vivos a serem seguidos. É por meio do convívio com essas fontes de referências que eles vão estruturando a sua própria personalidade. As crianças, ao contrário do que se pensa, são muito preocupadas com regras. Parece que agir dentro de limites, cuidadosamente estabelecidos oferece-lhes uma estrutura segura para lidar com uma situação nova e desconhecida.

É sofrível para uma criança crescer em uma realidade diferente da dela, pois ela não vai saber lidar com as frustrações ao longo da vida. As conseqüências da falta de limite são muitas e, freqüentemente, graves como, por exemplo, desinteresse pelos estudos, falta de concentração, dificuldade de suportar frustrações, falta de respeito aos pais, irmãos e professores e até, futuramente, se envolver em situações perigosas.

Crianças que têm limites pré-estabelecidos, sem dúvida nenhuma serão adultos mais felizes, pois o mundo impõe muitos limites e diz muitos “não” e quem os recebeu em sua infância, com certeza vai saber lidar mais facilmente com a realidade. Ou seja, dar limites é dar amor.

 

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